Reflexões pedagógicass. Crescendo Juntos Família e Escola: Laços de cuidado e afeto em tempos de pandemia

A experiência de “Crescendo Juntos: Família e escola”, tem como precedente vários projetos, entre eles, os orientados para a construção de processos de leitura e escrita, é através deles que se fortaleceu a necessidade da criação de um vínculo família e escola, não só pelo objetivo acadêmico, mas também, por uma das missões básicas da escola, a possibilidade de uma comunicação afetiva e efetiva com as famílias que contribua para fortalecer a educação respeitosa, positiva de corresponsabilidade.

Assim nasceu, há 10 anos, o “Cartas para crescer com amor”, um projeto que liga os processos de leitura e escrita, mas além disso, a partir da correspondência que se escreve para as famílias, têm em conta o contexto enunciado pelas crianças nas conversas do dia-a-dia, na escuta da sua voz em que exprimem as suas preocupações, os seus sentimentos e as suas vivências familiares em que a escola pode, de alguma forma, contribuir para a melhoria do que chamei de construção de ambientes familiares e escolares saudáveis.

Essa correspondência familiar e escolar tem como objetivos: – fortalecer os laços afetivos na família por meio da leitura e escrita de cartas, um estilo de escrita pessoal; -acompanhar e orientar por as famílias no processo de formação dos/as filhos/as com base em orientações parentais positivas e novas dinâmicas familiares; – criar condições favoráveis ​​à promoção da leitura e da escrita que gerem alegria, gosto, prazer, hábito de ler e escrever; – envolver as famílias no exercício responsável da educação dos/as filhos/as e – reconhecer a escola como aquele nicho que acolhe a família para construir novos caminhos de aprender, viver e estar com ela.

Na relação entre escola e família, visualizam-se duas instituições sociais que participam de uma tarefa comum como campo especializado para a formação dos indivíduos mais jovens de uma sociedade. A família e a escola são potencializadas pela necessidade de aprimoramento do sujeito, portanto, devem ser estabelecidos mecanismos de trabalho que busquem humanizar e civilizar, ou seja, conferir qualidades sociais e humanas que permitam às crianças viver em sociedade ( Londoño & Ramírez, 2012; Velez, 2009).

Primeiro Momento…
A carta foi construída a cada semana com os/as estudantes de acordo com a vivência em classe e as pautas necessárias para as crianças crescerem como pessoas felizes, em diálogo com eles/elas se constrói pela observação que as docentes fazem.

Segundo momento…
Na segunda-feira seguinte, os papais e as mamães depositam na mesma caixa do correio a resposta a carta de amor que receberam. Eles/elas são sempre encorajados/as a responder com precisão às mensagens de seus/suas filhos/as e a elaborar suas cartas de forma criativa.

Terceiro momento…
No transcurso da semana buscamos um “bom” momento para ler e compartilhar as cartas.

Quarto momento…
Após a leitura das cartas, há um momento especial para compartilhar nossos sentimentos sobre a resposta recebida e a reflexão que posso construir a partir dela.

A experiência do “Cartas para Crescer com Amor” tem tido amplo impacto acadêmico e pedagógico e tem sido reconhecida em diversos espaços escolares que podem ser consultados na web. É uma das ações do “Crescendo Juntos: Família e Escola” como estratégia, e como principal projeto que o antecedeu, permite compreendê-lo e, é o preâmbulo do desenvolvimento que se consolida a partir de meus estudos de doutorado no ano de 2018, convictos de que o desafio e a necessidade de investigar fazem parte do trabalho dos/as profesores/as de hoje, enquanto pensar em realizar mudanças educativas os incita a compreender a realidade, de modo que não se limitem apenas a descrever o que está acontecendo, mas também a propor diante dessas constatações que são o ponto de partida de novas configurações da escola, da vida dos/das estudantes, dos/das profesores/as. (Chacon, 2014).

CRESCENDO JUNTOS FAMÍLIA E ESCOLA: estratégia de participação e construção de ambientes familiares e escolares saudáveis.

A partir do reconhecimento da família e da escola, como agentes educativos, instituições sociais decisivas na vida das crianças e jovens, podem ser geradas ações para a construção de uma sólida aliança família-escola, para isso, é necessário que os/as professores/as se conscientizem do que podem contribuir para as famílias, pais/mães e cuidadores para que as crianças tenham uma vida escolar bem sucedida e, em geral, da mesma forma, as famílias valorizam a sua presença ou a sua relação com a escola reconhecendo que suas contribuições são necessárias e oportunas. Assumindo assim, uma co-responsabilidade de que a criança se beneficiará da relação próxima, empática e solidária da sua família com a escola, projeta-se esta estratégia. García, Martín e Sampé (2012) mencionam que crianças com famílias envolvidas em atividades escolares e extracurriculares são propensas a ter sucesso escolar. Apontam ainda, que os pais/mães/famílias devem ser envolvidos, não só na resolução das tarefas, mas também na análise das expectativas que meninos e meninas têm sobre o futuro. (Garcia, 2012).

Tendo em conta essa projeção da estratégia, nestes momentos de pandemia, se evidencia as afirmações centradas nas ações que tornam visível o reconhecimento mútuo da família e da escola como sinal do novo caminho a seguir, a co-responsabilidade e reciprocidade no projeto de formação das crianças e jovens, como se tecem redes solidárias de apoio constante entre as famílias e família-escola. Cada uma das ações se torna uma celebração da vida, da construção como pessoas que têm a certeza de que NASCEM PARA SEREM FELIZ e a base dessa felicidade é se sentir amado. Porque uma criança feliz é um adolescente feliz e uma pessoa adulta feliz, isso significa que construir ambientes familiares e escolares saudáveis ​​nos ajudaria a construir lugares seguros para nossas crianças. Esses lugares seguros são caracterizados pelo amor, educação respeitosa, a participação de nossas crianças, reconhecendo sua voz. Mas também, por causa desse ambiente familiar onde todos os seus membros, adultos e crianças, têm bem-estar surge a ideia de co-responsabilidade das nossas crianças, também para proteger e mimar os seus familiares e os seus cuidadores, todos nós precisamos nos sentir amados como ser humano.

Os pricípios que fundamentam a estratégia e cada uma de suas onze atividades, desde as cartas para crescer com amor, os calendários, os jogos, os itinerários, até o conteúdo digital do programa no canal do YouTube, que leva o mesmo nome da estratégia, sua página no Facebook e Instagram, fazem a convocação, reafirmando aspectos já apontados como a corresponsabilidade, nasce-se para ser feliz, a importância de celebrar a vida e o afeto como uma constante, bem como a construção de cada uma das pessoas por meio do encontro com o outro para compartilhar, dialogar e formar redes de solidariedade.

É importante reconhecer que estes pricípios pedagógicos são o suporte para um vínculo familiar e escolar fortalecido, na atual era pandêmica tem enriquecido a dinâmica de tudo o que a situação sanitária mundial tem exigido dessas duas grandes instituições sociais, tanto que tem pensado e buscado outras alternativas de atividades, tendo sempre em mente a pulsão por ambientes participativos, com voz e voto, com poder de propor e transformar, assumindo o que Gervilla propôs, no sentido de que participar significa “participar ativamente “, assumir a responsabilidade de uma tarefa, compartilhar com os outros, emitir ideias, tomar decisões e exigir nossos direitos. A participação educativa é um fator decisivo para a qualidade, porque é um sinal de liberdade e maturidade democrática, um meio de melhorar a gestão dos centros, uma forma de aproximar a sociedade da educação, é uma cultura. (Gervila, 2008).

Impossível não concordar que a situação global da saúde nos incitou a reconfigurar a nossa realidade para criar e recriar outras realidades e dinâmicas de relação com as famílias, em que o que importa é celebrar o reconhecimento mútuo ocorrido devido à situação, que de alguma forma criou aquele tão esperado trabalho conjunto que em alguns contextos não havia sido alcançado.

Algumas das atividades fortalecidas e criadas na pandemia como escrita de cartas, diário de desafios em família, saudações matinais e vespertinas com a família da turma, preparação dos potinhos da felicidade, oficinas com alianças estratégicas, pela participação do uso das plataformas como ferramenta para outras dinâmicas das famílias, vieram para ficar, assim como, as oficinas virtuais sempre otimizando a rede e as mediações. Também a leitura de livros compartilhados e que permitem estreitar laços familiares e afetivos, entre outros.

A implementação da estratégia evidencia a importância da relação família-escola, pela magnitude do alcance que pode ter para o bem-estar das crianças e suas famílias, para a concretização das suas expectativas, sonhos e interesses; também ao nível da consolidação dos objetivos institucionais e da capacidade de evocar as experiências que constituem, de alguma forma, uma conquista no desafio de construir uma sociedade melhor em busca do desenvolvimento humano, pois as vozes das famílias e dos professores reconhecem a oportunidade que o vínculo oferece para amparar e consolidar suas expressões a partir dessas experiências. Da mesma forma, fortalece-se a possibilidade de desenvolver a autoestima familiar, pois todos são reconhecidos como importantes e, assim, esses compromissos pedagógicos são uma possibilidade da instituição criar uma comunidade e identidade com as famílias.

Ruth Stella Chacón Pinilla
Professora Titular da Universidade El Bosque. Pesquisadora Júnior do Grupo de Ensino e Pesquisa Un bosque.
 chaconruth@unbosque.edu.co

Notas:
Alguns links da experiência para consultar nas redes sociais, como contribuição para o trabalho em sala:
Facebook Creciendo Juntos “Familia y Escuela”
Instagram c_reciendojuntos.
canal de YouTube La Gaceta de Paz Medio Informativo: https://www.youtube.com/channel/UCmmpTmtWrPc-sKIITJ74wFw Programa Creciendo Juntos: Familia y Escuela.

Bibliografía
Chacón, R. S. (2014). Del maestro como investigador: ¿reto y necesidad? Itinerario Educativo, 249-257.
Garcia, M. y. (2012). La implicación y la participación de las familias: elementos clave para la mejora del aprendizaje en los centros educativos con alumnado inmigrante. Boletín de Estudios e Investigación, 192-212.
Gervilla, A. (2008). Familia y Educación Familiar. Madrid- España: Narcea .
López, S. (2003). Familia y escuela: Trabajando conjuntamente. Revista galego-portuguesa de psicología e educación, 8(7), 1138-1163. Recuperado el 14 de septiembre de 2017, de http://ruc.udc.es/dspace/bitstream/handle/2183/6948/RGP_9-21. 

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